Jan 29, 2007

Estava outro dia esperando um ônibus. Eu e meu mp3... Eu, meu mp3 e um cigarro. E estava formado meu mundo pelos próximos 10 segundos. Após, percebi que meu universo tinham mais dois elementos. Um casal. E quando menos me dei conta, descobri um novo ser. O bebê que estava dentro da dona Maria (chutei o nome, e a probabilidade de acertar é grande). Percebi que os três estavam ali pois o homem me cutucou. Retirei meu fone de ouvido. "Empresta o fogo pra minha mulher??". E como não tinha isqueiro, emprestei a brasa (apesar de odiar isso, pois as pessoas são descordenadas e destrõem tudo...). "Muiro obrigado" ela disse. "Nossa que olhar educado o dela" pensei. Mas alguma coisa dentro de mim me fez continuar pensando neles. Até que o óbvio veio. Nossa, a mulher grávida deste jeito fumando! Começou o turbilhão:
- Será que ela não tem dó de fumar assim, grávida?
- Será que ela sabe que fumar durante a gravidez faz mal?
- Será que ela não vê que o menino pode nascer com algum problema, o que trará mais infelicidade do que ela hoje tenta tapar fumando um cigarro ? Que falta de pensamento sistêmico!
- Será que este marido deixa ela fumar mesmo ficando triste por dentro?
- Será que este marido deixa ela fumar pois também não sabe dos malefícios?
- Será que ele sabe e não está nem ai? Não pensa a longo prazo?
E isto foi só o início, o prefácio. A grande questão veio após pensar "Vou falar com ela". Pensei em abordar com algo do tipo "Olha, sem querer me intrometer, mas você sabe que fumar durante a gravidez faz mal pro bebê né?". Esta foi a melhor forma que encontrei. Mas não proferi num um fonema. Turbilhão novamente, agora tentando responder a pergunta "pq eu não falo?":
- Sou fraco?
- Sou covarde?
- Fico com medo de tomar uma bronca do tipo "A vida é minha"?
- Acho que ela já sabe então não adianta falar?
Não gostei de não ter conseguido falar com a mulher. Não gostei mesmo. Me senti impotente. Tentei entender porque não falava, mas não consegui achar a resposta. Fiquei duplamente triste, por mim de não ter falado, por ela de estar fazendo o que fazia.
Quando chegou meu ônibus, eu diria que fiquei triplamente triste. Não tinha notado que eu também fumava.

Jan 25, 2007

da série "escrevendo sem pensar" :

quero sentir o gosto amargo da tua pele quando se trata de algo pertinente ao extremo oposto daquilo que um dia foi definido para salvar todos os seres humanos de qualquer catástrofe que um dia irá acontecer e quem sabe, neste dia, toda e qualquer função matemática regente no mundo irá cair, como um prédio em um terremoto. Assim, seremos uma civilização travada e erudita, ambas contraditórias porém realistas, quando comparadas ao dia de hoje, ao sol de hoje, a manhã de ontem e quem sabe o amanhã do talvez.

Jan 23, 2007

dia a dia

estou sentado na minha mesa de trabalho, resolvi tirar 5 minutos para escrever isso, ao invés de ir tomar café. Não sei exatamente porque resolvi neste momento, hoje, agora, escrever. Talvez tenho na cabeça que escrevendo a gente já resolve metade do problema. Não sei se funciona, mas cá estou eu tentando, e no fundo no fundo acho que isto sempre é bom.

...Escrever. Queria ter mais técnica de escrita, não consigo de maneira satisfatória digitar tudo da forma que quero passar, mas tento.

...Notei agora que escrevi duas vezes o verbo tentar. E parando pra pensar, acho que a vida é tentar após o outro. Considerando que nunca seremos perfeito, tudo o que fizermos não será nada mais que uma tentativa. Pode dar certo, pode dar errado. Então neste momento estou:
- tentando fazer melhor projeto possível, até onde posso.
- tentando escrever este texto
- tentando entender a vida
- tentando digitar mais rápido
- tentando não fazer isso
- tentando fazer aquilo
e assim vamos nós... tchau...

agora voltaremos a nossa programação normal...

ps: o intuito era escrever sobre meus problemas para solucioná-los pela metade, mas minha cognição impediu o foco, então desisti de escrever sobre os problemas. Talvez só por ter escrito (independente sobre o quê), resolve 50%. Vamos tentar!!

Jan 15, 2007

era uma vez...

Miolo de pão

Um casal tomava café no dia das suas bodas de ouro. A mulher
passou a manteiga na casca do pão e deu para o seu marido,
ficando com o miolo. Pensou ela: "Sempre quis comer a melhor
parte do pão, mas amo demais meu marido e, por 50 anos, sempre
lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer o meu desejo". Para
sua imediata surpresa o rosto do marido abriu-se num sorriso sem
fim e ele lhe disse:
- Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante 50 anos,
sempre quis comer a casca do pão, mas como você sempre gostou
tanto dela, eu jamais ousei pedir !
Assim é a vida... Muitas vezes nosso julgamento sobre a
felicidade alheia pode ser responsável pela nossa
infelicidade... Diálogo, franqueza, com delicadeza sempre, são o
melhor remédio.
fonte: desconhecida


* neste caso, jura que eu não teria este problema de falta de comunicação... vomitaria na cara mesmo!

Jan 10, 2007

anotações...

deve existir uma combinação dos infinitos fatores do universo que faça com que meus lábios encostem nos teus.
e deve exigir um esforço colossal para ter este cenário
mas eu teria... eu queria saber... eu queria ter

saber como olhar pra você
saber como gesticular com você
saber o que falar para você
saber em que posição o Sol deve estar
saber que roupa utilizar
saber como deverá estar o nível da maré
saber em que ponto da órbita saturno deverá estar
saber quantas folhas deverão cair da árvore que está plantada atrás da casa daquela pessoa que irei conhecer por acaso numa fila de banco

se for muito saber, troco por apenas um
saber o que você sabe quando olha para mim