Oct 31, 2006

..:.::miolo de p�o::.:::.....

Guarda-Chuva

Hoje eu quero esquecer de mim,
Quero me livrar de mim mesmo
Quero sair de mim como a pele sai do corpo de uma cobra
Quero deslizar num escorregador e olhando para trás gritar ADEUS
Quero romper, cortar, queimar o fio
Me desconectar, desplugar, desacoplar
Quero refletir, não refratar

Quero enxergar aquele poste ali, iluminado
Quero ver a árvore na penumbra
Quero ouvir o silêncio da noite
Quero sentir o vento no rosto
Quero ouvir meus passos no asfalto
Quero olhar para o céu
Ver as nuvens escondendo a lua
Quero sorrir chorando
Quero refratar, não refletir

Quero enfim lembrar de você, só você
E de dia quero tudo isso de novo
Com o sol , meu guarda-chuva!

mat.albert



"É tão bom este momento.. esta sensação única de se deparar frente aos problemas e, assim, aparentemente do nada, o problema se tornar em algo desprezível, algo pra não se preocupar mais. Evoluir, finalmente... é um dos mais poderosos combustíveis, um dos que mais me movem, que me faz querer viver, querer envelhecer, querer sentar na beira do mar aos meus 80 anos e sentir toda a leveza e harmonia que alguém possa sentir, olhar o mar , o barquinho passando, a onda batendo, e respirar fundo, flutuar... ficar assim, dias eu comigo e mesmo e em momento algum constatar um problema, uma ansiedade, uma preocupação... "

..:.::miolo de p�o::.:::.....

Oct 16, 2006

foliculites e afins

Estou em casa, véspera de aniversário.

Apesar de ser segunda, o médico recomendou dois dias de descanso pra curar da foliculite (leia-se perebas na perna). Não faço mais nada além de ficar pensando "será que coço ou não coço? ". Não coço. E coço (quando já vira algo instintivo).
Mas enfim, como citei acima, véspera de aniversário. Há alguns anos, odiava aniversários. Tinha na cabeça que aniversário era uma ótima oportunidade das pessoas exercitarem suas hipocrisias, suas falsidades, suas máscaras de amigos fiéis. Era um tanto pesada esta afirmação, radical, pessimista, mas caia como uma luva para muitos e estes sabiam. E eu sabia. Os outros que não sabiam, era porque deviam gostar mesmo de mim, ou pelo menos parte de mim.
Hoje, entre uma coçada e outra, estes pensamentos vieram de novo a cabeça e decidi tirar uma fotografia e revelá-la. Para minha surpresa, esta foto está diferente mesmo. Diferente e creio que melhor. Senão melhor, pelo menos mais otimista.
Hoje, vejo o aniversário como um catalisador. Lembram dos catalisadores? São substâncias que ajudam a ativar determinadas reações químicas. Ou sejam, são substâncias que diminuem a energia de ativação aumentando assim a velocidade da reação (mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Catalisador).
O que quero passar é que existem aqueles momentos nas nossas vidas em que queremos dizer e não conseguimos. Queremos dizer "ei você, TE AMO!" ou "cara, vc é muito gente boa", ou então "ei psiu, vc é inteligente pacas, continue assim".. enfim, estes momentos sempre passam na nossa cabeça, e precisamos de um motivo suficientemente forte para externalizar todos estes sentimentos que temos para com o mundo todo. Pelo menos no meu caso, externalizo muito pouco os sentimentos para com as pessoas. E acho que não deveria ser assim. Quantas vezes lemos aquelas correntes bregas de emails sobre "viva hoje como se fosse o último" e "fale para as pessoas o quanto elas são importantes para você, pois você pode nunca mais ter essa chance". É muito verdade isso, e bonito, mas bonito só no papel. Quando chega na hora do pega pra capar, é um travamento atrás do outro, o que me faz sentir meio mal de não conseguir. Será que eu deveria conseguir? Ou será que isso é natural, e que estas historinhas de emails bonitinhos devem ficar só no papel mesmo? Não sei. Mas nem tenho a pretensão de saber.
Amarrando tudo isso, o importante é que vejo o aniversário como um motivo de vencermos esta barreira que temos quando o assunto é "o que sentimos pelo próximo". Ou seja, o aniversário é um catalisador. Ele diminui a energia de ativação (nosso muro que mantem preso todos os belos sentimentos que sentimos) desencadeando a reação (a externalização dos sentimentos). No aniversário, qualquer tipo de sentimento é externalizado de forma mais fluida, com menos entraves, afinal é o aniversário de tal pessoa, e no aniversário é permitido ser mais sentimental, mais brega, mais humano, nem que eu tenha que deixar de lado todas as minhas barrerinhas para falar um simples e manjado "Feliz Niver".
Baseado nisso, por mais que alguém venha até a mim e diga este simples "feliz aniversário" ou então me escreva um scrap robotizado de "feliz niver te add me add", hoje ficarei feliz, de coração, pois sei que um simples gesto como este representa algum tipo de sentimento, e bom (e no mínimo equivalente ao discurso pois a grande maioria isso pode representar apenas uma ponta de um iceberg emotivo). Para fazer alguém mover forças para me dar parabéns, algo de bom eu devo ter, e ela também. Se foi forçado, se não foi, se foi pura formalidade, se foi uma declaração de amor, se foi falso mesmo, se foi verdadeiro, não importa mais. Sorrirei coçando a cada mensagem. Pelo menos até as perebas passarem. E agracerei cada um, por qualquer tipo de manifestação para com minha pessoa. Todas têm seu valor. Todas têm meu carinho. Todas têm a intensidade que o momento permitir. Por todas, obrigado. Mesmo. A cada um.