Aug 1, 2007

o ciclo se repete...

Deve existir uma combinação dos infinitos fatores do universo que faça com que meus lábios encostem nos teus.
E deve exigir um esforço colossal para ter este cenário... mas eu teria... eu queria saber... eu queria ter

Saber como olhar pra você
Saber como gesticular com você
Saber o que falar para você
Saber em que posição o Sol deve estar
Saber que roupa utilizar
Saber como deverá estar o nível da maré
Saber em que ponto da órbita saturno deverá estar
Saber quantas folhas deverão cair da árvore que está plantada atrás da casa daquela pessoa que irei conhecer por acaso numa fila de banco

Se for muito saber, troco por apenas um...
Saber o que você sabe quando olha para mim

Niño rojo by Devendra Banhart

Devendra.. não sei qual a magia,o mecanismo, o raciocínio que sustenta suas canções. É algo para ouvir e se conformar. Se conformar que é assim, que não temos ação sobre o mundo. Acontece por acontecer. É uma música sabia. E de sabiá! Suas letras sobre a natureza, em tom de observação, demonstram muito conhecimento. Parece que, aos 26 anos, ele já sabe como funciona a vida e qual a melhor forma de se relacionar com ela. "Put me in your suitcase, let me help you pack, Cuz you're never coming back, no you're never coming back" cantada num tom de conformação, me passa uma segurança sobre os sentimentos tão grande, que me faz querer chorar e pensar "Porra cara, não cante assim, chore, fique com raiva, ninguém é tão maduro assim". Mas me parece que ele é pois isso se repete e se repete ao longo de suas canções. Não sei o que ele viveu, o que ele passou, o que ele sentiu, o quanto ele sofreu mas com certeza um amadurecimento precoce aconteceu. Sempre o visualizo cantando como se fosse uma árvore. Ele, no meio de uma floresta, observando o mundo e cantarolando para si mesmo. Não quer interferir em nada, apenas quer observar. E eu quero abraçá-lo. Talvez por pena. Não que Banhart está exigindo de nós ouvintes um sentimento de pena, apenas porque temos o costume de sentir pena por quem sofre. Ele sofre, mas sabe lidar bem com tudo isso, e não há necessidade de um Mathias abraçá-lo. Talvez o único motivo coerente de eu querer isso seja "tenha pena de mim" ou "me ensina a ser assim, pois eu sofro também mas minha reação é outra" ou então "Porra cara, não cante assim, chore, fique com raiva, ninguém é tão maduro assim. EU NÃO SOU ASSIM."... Lindamente triste e forte

WIP

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1o ato - SONO

Estou rabiscando bocejos
Escrevendo sonos
Atritando olhos pesados
E não me rendo aos desejos, diz o poeta.

"Estou com um puta sono e tenho que fazer a porra da ata de reunião" diz José da Silva

2o ato - INCONSCIENTE

O amanhã não sei
Hoje nem quero saber
E o ontem já esqueci
Pluft
Morri

3o ato - CONSCIENTE

Quando imagino, sorrio, sorrio.
Quando vivo, sorrio.
Pq? Pq?
Quando vivo, sorrio, sorrio, sorrio.
Pq?
Pq eu menti para este papel e esta tinta que me observa.